sábado, 1 de junho de 2013

Seja um desamparado!


Seja um desamparado!
 

Tenho lido muito nos últimos tempos, e tenho achado soluções e mais soluções nas cadeias teológicas e psicológicas no que diz respeito a desamparo ou solidão. Autores dando soluções infalíveis como se só os confortados e bem sucedidos, que são cristãos verdadeiros, e mais, afirmando que um cristão não pode se sentir desamparado e ser mau sucedido. Será?
Não sou um monstro na teologia,  muito menos na psicologia, sou acadêmico na área de exatas, e talvez por isso não tenha a visão desses autores, mas cada dia mais tenho exibido minha intrepidez no ramo da oração e relacionamento com Deus, e me sinto feliz em dizer que não encontrei a solução e nem o sucesso absoluto, e mais, fico feliz em saber que sou um desamparado. Você, leitor deve estar se perguntando que loucura? Porque felicidade no desamparo? Simples, entendo que só quem está desamparado pode realmente clamar, e o melhor, orar buscando relacionamento com Deus o agradando..
E não só eu acho tal fato, o teólogo norueguês (monstro acadêmico teológico) Olé

Hallesby considerava a palavra desamparo a que melhor resumia a atitude do coração humano aceita por Deus no ato de oração.
A certeza do desamparo humano, é a maior ponte em um Deus que deseja relacionar-se com o homem, que por sinal, convencido está da dependência do amparo de Deus.
Não sou um “expert” em oração, mas isso me convence da autoridade de escrever sobre o assunto, entendo que só quem busca pode falar de algo e se tratando de oração, creio que nunca estarei nem próximo da perfeição, pois se estiver deixarei o básico da pesquisa de campo, e relacionamento sem experimento é vazio.
Alguns personagens na Bíblia tinham também essa idéia, que deve ser difundida de forma mais eficaz, senão parecemos alienados em meio a teologia que é divulgada hoje. Me parece quando leio livros principalmente de autores como Max Lucado, Mike Murdock, enfim muitos outros, eles se esquecem que falam para pessoas “comuns” que não possuem o mesmo tipo de ministério que eles, se alienam em um mundo produzido na fábrica de pregadores e escritores bem sucedidos, e entendem que escrevem só para eles, e acabam produzindo poesias na maioria das vezes utópicas e que não condizem com a realidade do público que as lêem. Público esse que possui sim o mesmo valor para Deus que eles, que não são extra-terrestres “gospel”, mas precisam de uma literatura a altura de suas realidades e nescessidades. Não estou criticando, e nem dizendo que tais literaturas não são boas, mas são exclusivas para pessoas que querem sucesso, prazer, desfrute, enquanto existem muitos que estão em busca do verdadeiro relacionamento com Deus. Um relacionamento que a Bíblia não estabelece apenas como sucesso, ou melhor, que apenas os bens sucedidos são importantes para Deus. É fácil falar de Davi, Abrahão, Isaac, Jacob, Paulo, mas nos esquecemos que pregamos para Enoque’s, Micaías, Abel’s, José’s de Arimatéia, Eunucos, Cirineus, enfim pessoas sem grande exposição midiática, mas que querem um verdadeiro relacionamento com Deus. E aí? Não há solução para pobres mortais?
Claro que sim! Ao contrário do que divulgam, os que mais agradam a Deus na história bíblica são os anônimos. Enoque é o maior exemplo disso, agradou tanto. que Deus o tomou para Si, e não vejo na Palavra nenhuma mega Igreja, nenhum grande sermão, apesar de amar a Jd 1.14 principalmente quando se refere a justificação mediante um julgamento do Senhor, nada de extraordinário aos olhos dos homens Enoque praticava, mas havia sim algo de fantástico com Deus. Ele andava com Deus.
Me prendo as palavras do Evangelho de João quando diz: “Senhor , eis que está enfermo aquele que tu amas” João 11.3, ele se referia a Lázaro, quem? Lázaro? Profeta? Pastor de uma grande denominação? Pregador de multidões? Grande escritor? Não! Pasmem, ele era “apenas” amigo de Deus, e João escreve com muito carinho não se referindo a Lázaro como um grande líder, um justo, um sujeito famoso, não. Quando a  notícia a Jesus é relatada, diz:  “aquele que Tu amas”, o teu amigo. Veja bem, não por cargo ou por suas estatísticas ministeriais Deus ressuscita Lázaro, não, o fato é que ele agradava e era amigo de Deus.
O que mais intrigava não a Lázaro, mas o que estavam a volta era, porque o amigo estava enfermo, qualquer um poderia estar enfermo, menos aquele que mais agradava, repare bem que o estreito de relacionamento é tão grande que até João, considerado o apóstolo do amor, e favorecido pelo relacionamento com Cristo, se refere a Lázaro em seu Evangelho sem retirar nenhuma palavra do diálogo como “aquele que Tu amas...”
Definitivamente, não precisamos de status, confio numa frase ouvida da boca de Brennan Manning , que chegaremos ao céu e ouviremos: “ O quanto você me amou?”
Quanto você me quis? Quanto se declarou desamparado e dependente de mim?
O que nos move não é o estrelato, nossa estrela é Cristo! O que nos faz melhores, não são nossas qualidades e sim nossa dependência de Deus, o tanto que declaramos quanto precisamos d’Ele. Não seremos medidos, e sim agraciados segundo nosso relacionamento.
E claro não poderia deixar de dizer: Lázaro fez o que em toda essa história?
Nada! Morreu! Se entregou! Dependeu! E sem nenhuma palavra saída de sua boca contribuiu para talvez depois de Cristo, a maior transformação entre morte  e vida das escrituras.
Precisamos de dependermos mais.
Nossa maior contribuição para o Médico, são nossas enfermidades!
É um desabafo, mas cheio do Espírito...
d.C nunca mais o mesmo.